A comunicação como estratégia vital no futebol

A comunicação de um clube transcende o campo de jogo. Ela é também um instrumento de transformação social. A forma como um clube se posiciona diante de temas como diversidade, racismo, inclusão e educação influencia não só seus torcedores, mas a cultura do futebol como um todo.

Criar conteúdo não é só sobre engajamento — é sobre criar sentido. Gerar conexão. Representar uma comunidade. Ser parte ativa de uma sociedade que também está mudando.

Durante muito tempo, ela foi vista como um “suporte”. Algo acessório, ligado apenas a redes sociais ou coletivas de imprensa. Mas isso ficou no passado. Hoje, a comunicação dentro dos clubes é cada vez mais estratégica — e, em muitos casos, decisiva para o sucesso (ou fracasso) de uma temporada.


Comunicação é reputação — e reputação gera valor

Uma pesquisa da Aberje em parceria com a Universidade do Futebol revelou um dado contundente: 96% dos profissionais de comunicação dos clubes reconhecem que a reputação é um ativo valioso, capaz de influenciar diretamente na marca e na receita de um clube.

A forma como um clube se posiciona, responde a crises, engaja sua torcida ou apresenta seus jogadores ao mundo impacta diretamente na confiança do mercado, dos patrocinadores e dos torcedores.

Em um ambiente tão exposto e cobrado como o futebol, a comunicação se tornou uma ponte entre a pressão e a transparência. Entre o resultado e a narrativa.

O papel da comunicação dentro dos clubes

As equipes de comunicação hoje atuam em diversas frentes:

  • Produção e gestão de conteúdo digital (Instagram, YouTube, TikTok etc.)
  • Relacionamento com a imprensa esportiva
  • Gestão da imagem dos atletas
  • Comunicação interna com funcionários e atletas
  • Relações institucionais e com patrocinadores
  • Gestão de crise em momentos de tensão

Esse trabalho se desdobra em tempo real, com equipes que precisam lidar com rotinas intensas, bastidores dinâmicos e uma base de fãs que consome e cobra informação a todo momento.

Tecnologia e inovação: adaptando a comunicação às novas gerações

Com a chegada de novos públicos e formatos, a comunicação esportiva também precisou evoluir. Aplicativos, inteligência artificial, análise de dados, personalização de conteúdo e novas linguagens digitais já fazem parte do cotidiano de muitos clubes — especialmente entre os da Série A.

Hoje, 100% dos clubes brasileiros usam o Instagram como canal oficial, enquanto 68% utilizam o WhatsApp e 34% ainda mantêm o Facebook ativo.

Mais do que “publicar conteúdo”, o desafio é entender os hábitos de consumo das diferentes gerações:

  • Jovens entre 16 e 24 anos preferem cortes e highlights, não necessariamente o jogo completo.
  • Torcedores mais velhos, acima dos 60 anos, enfrentam desafios com streaming e tecnologia.
  • Parte da torcida só acompanha o clube pelas redes sociais — e por elas forma sua opinião.

Ou seja: não existe mais um “torcedor padrão”. Existem nichos, hábitos, plataformas e linguagens diferentes — e a comunicação precisa saber falar com todos.

Desafios que ainda resistem

Apesar dos avanços, a realidade da comunicação nos clubes ainda carrega gargalos importantes:

  • Falta de orçamento: enquanto clubes da elite contam com R$ 890 mil anuais para comunicação, 28% dos clubes operam com menos de R$ 30 mil por ano.
  • Disputas políticas internas: muitas vezes, os comunicadores precisam lidar com tensões que dificultam a atuação estratégica.
  • Falta de estrutura e equipe enxuta: há clubes com apenas um profissional acumulando todas as funções.

Mesmo assim, há sinais de mudança. Novos profissionais têm trazido uma visão mais estratégica. E patrocinadores, cada vez mais exigentes, impulsionam a profissionalização da área.

Comunicação interna: o vestiário também importa

Mas não é só com a torcida que a comunicação precisa funcionar. Dentro do clube, saber ouvir e se expressar bem é essencial para manter o ambiente saudável.

Gestores, atletas, comissões e colaboradores convivem sob alta pressão. Um problema mal resolvido pode virar crise. Um ruído pode se transformar em atrito. É por isso que bons comunicadores também são aqueles que:

  • Sabem ouvir antes de falar
  • Valorizam todas as funções, em todos os níveis hierárquicos
  • Estão preparados para mediar e construir pontes
  • Conhecem o impacto da palavra dita (ou mal dita) num ambiente de futebol
Futebol e sociedade: o esporte como ferramenta de impacto

A comunicação de um clube vai além do campo. Ela é também um instrumento de transformação social. A forma como um clube se posiciona diante de temas como diversidade, racismo, inclusão e educação influencia não só seus torcedores, mas a cultura do futebol como um todo.

Criar conteúdo não é só sobre engajamento — é sobre criar sentido. Gerar conexão. Representar uma comunidade. Ser parte ativa de uma sociedade que também está mudando.

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Se você quer entender como os clubes lidam com imprensa, imagem, bastidores, mídias sociais, crises e reputação — precisa ir além da paixão pelo esporte. É necessário conhecer as ferramentas, compreender o mercado e aprender com quem vive essa rotina de dentro.

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Thiago Patricio
Thiago Patricio
Artigos: 31

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