Como funciona a recuperação de um atleta após uma doença grave?

Quando pensamos em recuperação no futebol, a imagem que vem à mente é quase sempre a de uma lesão muscular, entorse ou cirurgia no joelho.

Mas nem sempre o maior obstáculo de um atleta está nos músculos ou ligamentos.

Nos bastidores, doenças sistêmicas — aquelas que afetam o organismo como um todo — têm se tornado cada vez mais comuns entre jogadores profissionais, exigindo um olhar mais atento de médicos e fisioterapeutas esportivos.

Entre elas, estão:

  • Tromboembolismo pulmonar,
  • Miocardite,
  • Crises autoimunes (como lúpus e artrite),
  • Infecções virais severas (como mononucleose ou COVID-19),
  • Distúrbios metabólicos e hormonais,
  • Problemas respiratórios e circulatórios.

Essas condições independem diretamente da carga física do atleta, mas impactam diretamente sua performance, tempo de recuperação e até sua carreira.


Quando o corpo pede pausa: o papel da medicina e da fisioterapia

Em casos assim, o processo de reabilitação é completamente diferente de uma lesão tradicional.

O foco não está apenas em fortalecer músculos, mas em reconstruir o equilíbrio do organismo.

O tratamento costuma envolver três etapas principais:

  1. Estabilização clínica — o atleta passa por acompanhamento hospitalar e uso de medicamentos (anticoagulantes, anti-inflamatórios, antivirais, entre outros), com foco em normalizar as funções do corpo;
  2. Reabilitação respiratória e funcional — com fisioterapia voltada à recuperação da capacidade pulmonar e da circulação, evitando fadiga precoce;
  3. Readaptação ao esforço físico — feita de forma gradual e monitorada, respeitando parâmetros como frequência cardíaca, saturação de oxigênio e percepção subjetiva de esforço.

A fisioterapia assume um papel central nesse processo, pois atua como ponte entre a fase clínica e o retorno ao treinamento esportivo.

O caso do tromboembolismo: Luiz Gustavo e Osvaldo como exemplos

Nos últimos meses, dois casos ganharam destaque no futebol brasileiro: Luiz Gustavo e Osvaldo foram diagnosticados com tromboembolismo pulmonar (TEP) — uma condição séria que ocorre quando coágulos sanguíneos bloqueiam artérias dos pulmões, dificultando a oxigenação e exigindo afastamento imediato das atividades.

O tratamento inicial inclui uso de anticoagulantes e repouso absoluto, até que o risco de novos trombos seja eliminado.

A partir daí, inicia-se um processo cuidadoso de readaptação respiratória, fortalecimento cardiovascular e recondicionamento físico — etapas que podem levar de três a seis meses até o retorno completo aos gramados.

Casos como esses evidenciam o quanto o futebol moderno depende da ciência e da integração entre áreas médicas, fisioterapêuticas e físicas.

Não se trata apenas de “curar” o atleta, mas de reconstruir um sistema corporal inteiro — de forma segura e sustentável.

A importância do olhar preventivo

Mais do que tratar, o papel da fisioterapia esportiva é prevenir.

Através do monitoramento contínuo de cargas de treino, exames periódicos e acompanhamento de sintomas discretos (como cansaço anormal ou dor torácica), é possível detectar precocemente condições sistêmicas antes que se tornem graves.

O fisioterapeuta moderno precisa enxergar o atleta como um organismo completo, e não apenas um conjunto de músculos.

Essa visão integrada é o que garante longevidade, performance e segurança no esporte de alto rendimento.


Doenças sistêmicas como o tromboembolismo, a miocardite ou infecções severas mostram que a recuperação no futebol vai muito além da força física.

É um processo que exige paciência, ciência e uma equipe multidisciplinar alinhada — onde a fisioterapia tem papel protagonista.

Afinal, não há performance sem saúde.

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Jéssica Nunes
Jéssica Nunes
Artigos: 11

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