Quem acompanha os bastidores do futebol, como as chegadas dos jogadores ao estádio ou os vídeos do vestiário, já deve ter notado um hábito curioso entre os atletas, especialmente os sul-americanos: o Mate.
Messi, Suárez, De Paul e tantos outros não abrem mão da sua cuia antes de entrar em campo.
Mas afinal, será que essa tradição milenar é realmente uma aliada da performance, ou esconde riscos que poucos conhecem?
O que é a erva-mate?
A erva-mate (Ilex paraguariensis) é uma planta nativa da América do Sul usada para preparar bebidas como o chimarrão (quente, tradicional no Sul do Brasil) e o tereré (gelado, popular no Paraguai, Argentina e Centro-Oeste brasileiro).
Rica em cafeína, teobromina e polifenóis antioxidantes, a erva-mate tem propriedades estimulantes que aumentam o estado de alerta, o foco e o bom humor — efeitos que, em teoria, são ideais para o rendimento esportivo.
Além disso, seus minerais (como potássio, magnésio e manganês) ajudam no equilíbrio muscular e na prevenção de cãibras — dois pontos cruciais para o desempenho em campo.
E como ela afeta o desempenho no jogo?
Consumir Mate antes da partida pode trazer benefícios concretos.
A cafeína, um dos compostos principais da erva, é uma substância ergogênica comprovada: melhora a concentração, reduz a percepção de esforço e retarda a fadiga — elementos essenciais em esportes de alta intensidade, como o futebol.
Segundo Felipe Donato, nutricionista esportivo e pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC): “A erva-mate contém compostos bioativos que atuam de forma semelhante à cafeína isolada, mas com um perfil de liberação mais gradual. Isso permite ganhos cognitivos e físicos sem picos tão bruscos de estimulação.”
Esse equilíbrio explica por que tantos atletas preferem o Mate a energéticos convencionais, especialmente antes de jogos decisivos.
Mas é importante entender o outro lado: o efeito da bebida varia conforme a dose e o momento da ingestão.
O excesso pode causar taquicardia, ansiedade, desconforto gastrointestinal e até queda de rendimento, especialmente se o atleta consumir o Mate muito próximo ao início da partida.
Outro ponto de atenção é a temperatura.
Estudos já apontaram que o consumo frequente de bebidas muito quentes, como o chimarrão, pode causar irritações na mucosa bucal e no esôfago.
Por isso, muitos jogadores preferem o tereré gelado, que mantém os benefícios da cafeína sem o desconforto térmico.
Então, Mate é aliado ou vilão?
Depende da quantidade, do momento e da individualidade de cada atleta.
Quando consumido com moderação, cerca de 1 a 2 horas antes da partida, o Mate pode funcionar como um aliado natural da performance, oferecendo estímulo, foco e disposição.
Por outro lado, o uso excessivo — ou feito muito perto do jogo — pode gerar o efeito contrário, afetando o controle emocional e físico do jogador.
Mais do que um ritual cultural, o Mate é um exemplo de como a nutrição esportiva moderna alia tradição e ciência.
Cabe ao nutricionista esportivo orientar o consumo de forma individualizada, respeitando o metabolismo, o histórico e a rotina de cada atleta.
No fim das contas, o segredo está no equilíbrio — entre costume, ciência e rendimento.
E esse equilíbrio é o que separa a tradição da alta performance.
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