Quando falamos em lesões no futebol, muita gente pensa logo em falta dura ou excesso de jogos. Mas existe um vilão silencioso dentro de campo: a qualidade do gramado.
Não importa se o campo é natural ou sintético. Segundo o ortopedista e especialista em medicina esportiva Rodrigo Miziara, em números absolutos, os dois gramados apresentam índice semelhante de lesões, o que muda é a gravidade:
“Quando acontecem em sintético são lesões mais graves, torcionais, como entorse de tornozelo e de joelho, com um tempo de afastamento maior e, às vezes, necessidade cirúrgica.”
Ou seja, independentemente do tipo de gramado, se ele estiver mal-cuidado, com buracos, duro demais, escorregadio ou irregular, o risco de lesões aumenta. E é aí que entra a fisioterapia esportiva, atuando não só na recuperação, mas também na prevenção.
Como um gramado ruim machuca o jogador?
Buracos e desníveis: aumentam as chances de entorses de tornozelo e lesões de joelho.
Campo duro demais: gera impacto maior a cada passo, sobrecarregando articulações e músculos.
Superfície escorregadia: provoca quedas e movimentos bruscos fora do controle do atleta.
Atrito excessivo: quando a chuteira “trava” demais no solo, o risco de lesão de ligamentos, como o LCA, cresce.
Ou seja: não é o tipo de gramado que machuca, mas o estado em que ele se encontra. Jogadores profissionais relatam sentir maior insegurança e risco de torções quando jogam em campos mal-cuidados, o que tem sido cada vez mais frequentes em importantes estádios da elite do futebol brasileiro.
E onde a fisioterapia entra nisso?
O fisioterapeuta esportivo não pode “consertar o gramado”, mas pode atuar em várias frentes:
Prevenção: exercícios de propriocepção e fortalecimento reduzem o risco de entorses e sobrecargas.
Orientação: ajudar atletas a escolherem o calçado certo para cada tipo de campo.
Gestão de carga: adaptar treinos quando o gramado estiver em más condições.
Diálogo com gestores: registrar e comunicar problemas do campo para evitar lesões futuras.
O mais importante de tudo é que o debate não precisa ser “gramado natural x gramado artificial”. O que realmente importa é a qualidade da superfície. Um campo bem cuidado protege o jogador. Já um gramado irregular, de qualquer tipo, pode ser o primeiro passo para uma lesão séria.
Para a fisioterapia, olhar para o campo é tão importante quanto olhar para o corpo. Afinal, prevenir é sempre melhor do que tratar.
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