Como usar dados táticos para melhorar o rendimento

Em tempos de futebol moderno, tomar decisões com base em “achismos” pode custar caro. Cada passe errado, desarme mal feito ou substituição fora de hora pode alterar o rumo de uma partida — e até de uma temporada inteira. É por isso que os dados deixaram de ser um luxo e passaram a ser uma necessidade no futebol de alto rendimento.

Hoje, clubes que desejam competir em alto nível não dependem apenas da intuição de seus treinadores. Eles contam com equipes inteiras dedicadas a coletar, organizar e interpretar informações táticas, físicas e estatísticas. E é com base nesses dados que se desenham as estratégias dentro e fora de campo.

Mas afinal, como esse processo acontece na prática?

O que se mede no futebol?

A análise de desempenho no futebol vai muito além daquilo que a torcida vê. Por trás das quatro linhas, existe um verdadeiro ecossistema de dados sendo coletado — seja ao vivo no estádio, por GPS nos coletes dos atletas, em câmeras posicionadas no alto ou por softwares especializados.

Esses são alguns dos principais indicadores:

  • Dados físicos: distância percorrida, número de sprints, velocidade média, tempo de recuperação, batimentos cardíacos.
  • Eventos de jogo: passes certos e errados, finalizações, desarmes, interceptações, perdas de posse, cruzamentos, bolas paradas.
  • Posicionamento: mapeamento da movimentação dos atletas (com ou sem a bola), mapas de calor, ocupação de espaços por setor.
  • Métricas de eficácia: posse de bola, aproveitamento de passes, chutes no alvo, conversão em gols.

Essas informações, quando isoladas, podem até parecer frias. Mas quando analisadas em conjunto e com o olhar certo, revelam padrões e oportunidades valiosas para melhorar o desempenho coletivo e individual.

Como os dados ajudam dentro de campo – Ajuste de estratégia tática

Suponha que uma equipe tenha 65% de posse de bola, mas finalize menos que o adversário. Isso pode indicar uma posse estéril — sem profundidade. Com base nesses dados, a comissão pode orientar o time a acelerar o jogo em zonas específicas ou trocar a estrutura tática para buscar mais infiltrações.

Tomada de decisão em tempo real

Softwares modernos permitem que os dados sejam analisados durante o jogo. Se um jogador demonstra queda de intensidade ou a equipe está sendo dominada em uma faixa do campo, o treinador pode realizar ajustes imediatos com base em fatos, não em suposições.

Análise pré e pós-jogo

Antes da partida, os dados dos adversários são estudados para identificar padrões — como a forma que atacam, onde mais perdem a bola, ou em que minuto costumam substituir. Após o jogo, os dados geram relatórios que mostram o que funcionou e o que precisa melhorar.

O caso Liverpool: o cruzamento perfeito entre ciência e futebol

Um dos exemplos mais emblemáticos desse novo futebol orientado por dados é o do Liverpool, sob a gestão de Jürgen Klopp. Ao lado do físico Ian Graham, o clube inglês montou uma estrutura de análise tão refinada que a decisão de cruzar mais bolas na área ao invés de insistir em jogadas pelo lado esquerdo nasceu justamente da interpretação de dados. E essa pequena mudança rendeu grandes resultados.

Mais do que isso: foi com base em dados que o clube decidiu contratar Mohamed Salah, mesmo após sua passagem questionada no Chelsea. Graham analisou o desempenho do jogador em outras ligas e identificou que suas estatísticas eram compatíveis com o estilo de jogo do Liverpool. O resto é história.

Copa do Mundo e dados: o exemplo da Alemanha em 2014

A goleada da Alemanha por 7 a 1 sobre o Brasil teve um elemento invisível, mas poderoso: tecnologia. A equipe alemã utilizou o sistema Match Insights, que analisava os movimentos dos jogadores em tempo real, otimizando decisões de posicionamento e reduzindo o tempo médio de passe de 3,4 segundos para 1,1 segundo. Essa velocidade de circulação foi uma das chaves para abrir espaços e explorar brechas no sistema defensivo brasileiro.

O futuro dos dados é acessível

Na Copa de 2022, a FIFA lançou o FIFA Player App, permitindo que todas as seleções tivessem acesso a dados avançados como distância percorrida, mapas de calor, ações técnicas e muito mais. O objetivo? Democratizar o uso dos dados e dar às seleções com menos estrutura as mesmas ferramentas de análise que as gigantes do futebol já utilizam há anos.

Mais do que moda: dados são cultura

A chamada “cultura data driven” no futebol veio para ficar. Hoje, os profissionais que se destacam no meio são aqueles que sabem unir a paixão pelo jogo à capacidade de interpretar dados com profundidade. É isso que diferencia um bom analista de um estrategista de elite. E isso vale para o campo, para o banco de reservas e até para a sala da diretoria.

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Se o seu objetivo é dominar o uso de informações estatísticas e táticas para transformar o rendimento de uma equipe, é preciso ir além das planilhas.

É preciso saber quais dados realmente importam, como transformá-los em estratégias e como usá-los para orientar decisões dentro de um clube.

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Thiago Patricio
Thiago Patricio
Artigos: 31

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