O futebol sempre foi sinônimo de paixão, força e superação. Mas, nos últimos anos, uma nova dimensão começou a ganhar espaço nas discussões técnicas, nas comissões e, principalmente, nas experiências dos atletas: a saúde mental.
Hoje, o cuidado com o emocional deixou de ser um tabu nos bastidores do esporte. Não é exagero dizer que o jogo começa antes do apito inicial — começa na mente de quem entra em campo.
A pressão que não aparece nas câmeras
A rotina no futebol de alto rendimento é marcada por desafios que vão muito além do que o torcedor vê. É a cobrança por desempenho, o medo de uma lesão, a instabilidade no cargo, as mudanças de treinador, a exposição nas redes sociais, o julgamento de torcedores e da imprensa.
Não é por acaso que até técnicos experientes, como Tite, anunciaram pausas na carreira para cuidar da saúde física e mental. O próprio Dorival Júnior, ao assumir o Corinthians, pediu mais atenção ao tema. “A carga é muito pesada”, disse em sua apresentação. E é mesmo.
O treinador é cobrado como se fosse um robô. O jogador, como se não tivesse direito ao erro. E tudo isso gera um desgaste silencioso — que não é visível em um gráfico, mas que afeta diretamente o desempenho em campo.
O que é, afinal, ter saúde mental no esporte?
Trata-se de ter equilíbrio emocional para lidar com a rotina intensa do esporte: saber gerenciar estresse, dormir bem, manter uma boa rede de apoio, conseguir reagir de forma saudável a uma derrota ou uma substituição inesperada.
E esse cuidado não pode ser improvisado. Precisa ser parte da cultura dos clubes — como já é o trabalho da fisioterapia ou da preparação física.
O papel do psicólogo esportivo
Felizmente, muitos clubes já entenderam a importância de ter psicólogos integrados ao time. E não apenas como “emergência emocional”, mas como parte da preparação para o desempenho.
Esses profissionais atuam em várias frentes:
- Desenvolvem treinamentos de foco, controle emocional e tomada de decisão
- Promovem sessões individuais e em grupo
- Trabalham a construção de confiança e resiliência
- Atuam na formação de jovens atletas nas categorias de base
- Auxiliam treinadores a lidar com a pressão e a liderança
O resultado? Um time mais equilibrado, jogadores mais conscientes e uma cultura esportiva mais humana.
Dados que revelam uma mudança (ainda em curso)
De acordo com levantamento recente, 15 dos 20 clubes da Série A do Brasileirão já contam com psicólogos integrados ao elenco. Ainda assim, apenas um dos nove técnicos que responderam anonimamente à pesquisa da ESPN afirmou fazer acompanhamento psicológico regular.
Ou seja: ainda há resistência, ainda existe estigma. Mas o debate está em pauta — e isso já representa um avanço importante.
Impactos reais no desempenho
A saúde mental influencia diretamente na performance do atleta. Ansiedade descontrolada compromete a tomada de decisão. Baixa autoestima interfere na confiança para finalizar uma jogada. Estresse acumulado pode aumentar o risco de lesões.
Por outro lado, atletas emocionalmente bem-preparados:
- Lidam melhor com a pressão
- Recuperam-se mais rápido de lesões e derrotas
- Têm maior consistência de rendimento
- Contribuem para um ambiente coletivo mais saudável
No final das contas, isso não impacta apenas o indivíduo — impacta todo o time.
Um novo jogo está sendo jogado
Falar sobre saúde mental no futebol é um ato de coragem. É reconhecer que atletas e treinadores não são máquinas, mas seres humanos. E que por trás de cada camisa, há uma história, uma jornada e uma mente que precisa de cuidado.
É tempo de parar de romantizar o sofrimento. Tempo de entender que cuidar do emocional também é treinar para ganhar. E que um time forte não é feito apenas de preparo físico, mas de equilíbrio entre corpo e mente.
Se você quer atuar no futebol ajudando atletas e comissões a manterem o equilíbrio emocional e a alta performance, precisa ir além do discurso. É necessário entender a fundo as demandas psicológicas do esporte e aplicar técnicas que realmente fazem diferença dentro e fora de campo.
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